Mapeando Mateus Leme
- aueufmg
- 12 de jun. de 2018
- 3 min de leitura
O Grupo de Estudos em Agricultura Urbana UFMG – AUÊ! vem desde 2013 realizando o mapeamento e caracterização das agriculturas da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
Dando sequência a esse processo, no primeiro semestre de 2018 o grupo foi a campo, no município de Mateus Leme, com o intuito de conhecer experiências agrícolas e compreender os desafios e possibilidades atuais para a transição agroecológica na RMBH (Imagem 01). As atividades fizeram parte do projeto financiado pela Fapemig: “Direito à Cidade e Comida de Verdade: Agroecologia como parte de uma estratégia territorial para conectar espaços rurais e urbanos na construção da Trama Verde e Azul na RMBH” (AUC-00057/2016) e tiveram apoio da equipe técnica da EMATER (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado Minas Gerais) e da Subsecretaria de Segurança Alimentar e Nutricional da Prefeitura de Belo Horizonte.

Imagem 01 – Roda de conversa em Mateus Leme. Fonte: AUÊ!,2018
As atividades presenciais no município de Mateus Leme tiveram início em março de 2018, e durante o projeto, foram realizadas uma roda de conversa com as/os agricultoras/es locais, e visitas a nove experiências produtivas, como pode ser observado na tabela 01.DataAtividadeParticipantesMarçoRoda de Conversa para discutir desafios e possibilidades na agricultura localMulheres:06 / Homens:17
Total: 23Abril, Maio e JunhoVisitas a 09 experiências produtivas Mulheres:01 / Homens:08
Total: 09Tabela 01 – Atividades realizadas em Mateus Leme. Fonte: AUÊ!2018.
A roda de conversa aconteceu na Cooperativa Metropolitana de Agricultores Familiares – COMALE, e teve como objetivo entender os desafios enfrentados pelas/os agricultoras/es, compreender como elas/es percebem a agroecologia, e, além disso, foi um momento de aproximação do grupo AUÊ! com os/as participantes, e de apresentação das ações e expectativas do projeto. Cabe ressaltar que realizar o primeiro encontro na COMALE foi muito positivo, pois gerou o envolvimento de várias/os agricultoras/es da cooperativa, havendo grande participação das/os cooperadas/os no evento.
Na programação, foi elaborada duas perguntas para orientar a discussão: “Quais os desafios que as agricultoras e os agricultores enfrentam atualmente no município?” e “O que é Agroecologia para você?”. A conversa em roda permitiu que muitas ideias fossem compartilhadas e para registrá-las a equipe do AUÊ! usou da técnica da facilitação gráfica (Imagem 02).

Imagem 02 – Relatoria Gráfica do primeiro encontro em Mateus Leme. Fonte: AUÊ!,2018
Guiadas/os pela curiosidade sobre o tema as/os agricultoras/es presentes interagiram trazendo diversidade nas falas, além disso o encontro contou com a participação da equipe da Subsecretaria de Segurança Alimentar e Nutricional da Prefeitura de Belo Horizonte, que compartilhou um pouco de suas atividades e falou sobre a experiência atual de construção do Sistema de Garantia Participativa na RMBH. Para encerrar esse primeiro encontro, o grupo AUÊ ofertou, como gesto de agradecimento, biofertilizantes, proveniente de minhocário que recicla resíduos orgânicos.
Dando continuidade às ações do projeto, nos meses de abril, maio e junho de 2018, a equipe acompanhada pelo técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) de Mateus Leme, visitou nove experiências produtivas no município. As visitas tiveram como objetivo conhecer as experiências agrícolas do município, e alimentar o mapeamento e caracterização das agriculturas da RMBH (Imagem 03).

Imagem 03 – Visita de Campo ao CETAS. Fonte: AUÊ!2018
Ao final das atividades de campo no município. foi possível identificar alguns desafios enfrentados pelas/os agricultoras/es, como o acesso à água, o controle de insetos e fungos nas plantações, os preços do mercado, e a dificuldade de articulações entre agricultoras/es e clientes. Foi levantado que o município possui uma grande produção de berinjela e que a região sofre com a presença de um fungo específico que atinge as plantações comprometendo a colheita. Mencionaram também a dificuldade de encontrar mão de obra qualificada para trabalhar na roça. A criminalidade também foi um dos apontamentos levantados pelas/os agricultoras/es, alegando ser difícil ter um paiol ou um quarto para armazenar os equipamentos e ferramentas pois corre o risco de ser roubado. As/os agricultoras/es consideram a agroecologia como sendo benéfica para a saúde humana e ambiental, mas consideram, ainda, um desafio produzir alimentos sem o uso de agrotóxicos.
Conclui-se assim, que projeto representou mais uma etapa para aprofundar o conhecimento do grupo sobre a realidade da RMBH e espera-se que isso possa colaborar para o aprimoramento de ações de incentivo e promoção da agroecologia.
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